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Black friday – aculturação goela abaixo

novembro 26, 2013

 

Os antropólogos que talharam o termo aculturação percebiam os aspectos negativos de uma cultura se sobrepor a outra como podemos observar que ocorre atualmente com a cultura brasileira. Não precisa muito esforço para sentir tais efeitos, nocivos como o tabagismo, envoltos também numa cortina de fumaça muito atraente.

É incrível a facilidade que as pessoas apresentam de se entregar à sedução do som das palavras em inglês. Não que isso seja novidade. No século XVIII vivemos esse tipo de invasão. A cultura francesa já teve status similar, quando os filhos dos “coronéis” eram mandados para estudar em Montpellier e a França era um polo cultural importante. Hoje, a despeito da enorme diferença em relação aos tempos remotos, não haveria necessidade de uma submissão tão gratuita à “bela grama do jardim do vizinho”, posto que temos aqui mesmo, os mesmos recursos que eles.

Daí então nos perguntarmos pelos motivos que nos conduzem a aceitar tamanha opressão cultural, que vai, mantidas as atuais circunstâncias, fazer desaparecer em algum tempo os hábitos e a língua que construímos em 500 anos, assim como os portugueses e espanhóis fizeram com a língua e os hábitos dos povos que habitavam as terras descobertas por Colombo.

Ora, as ferramentas utilizadas para a imposição de uma cultura evoluíram, não sendo mais usados aqueles métodos horrendos, mas outros, sofisticados e sutis. Hoje as pessoas são induzidas a odiar tudo o que representa o que é local, tratado como pior ou inferior. Ainda compramos produtos de péssima qualidade, só porque são “importados”.

A indústria e o comércio locais são massacrados e sufocados pela pressão da lei da oferta e da procura, onde os preços determinam a compra, em detrimento da qualidade e da origem. O comércio daqui não só copia uma estratégia de venda de outro país, mas trás junto todo o significado de uma data local e nos faz engolir.

As justificativas para esse comportamento autodestrutivo do ponto de vista cultural são as mais diversas, mas não podem ser encaradas como sérias. Há pouco tempo começamos a ouvir falar de Halloween. Neste ano, o “dia das bruxas” já foi até “comemorado” em escolas infantis, com crianças pequenas repetindo a frase “gostosuras ou travessuras” que víamos somente nos filmes norte-americanos. Pergunte a essas crianças sobre os personagens da nossa cultura. Cuidado!!! Você poderá se assustar com a resposta.

Os jovens de Belo horizonte ganharam recentemente, há aproximadamente sete ou oito anos, mais um espaço para beber muita cerveja, como se fossemos irlandeses, no St. Patrick’s Day, uma festa à qual nenhum dos participantes sabe explicar o motivo de ter ido.

Parece que a globalização acaba com a criatividade e determina um comportamento massificado, com a mídia tangendo o povo-gado para onde for mais lucrativo ao comércio. Se continuarmos assim, os aspectos culturais dos povos desaparecerão em pouco tempo.

From → Crônica

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